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Sindileite nega cumprimento do preço mínimo do leite em Rondônia

O setor produtivo investiu em rebanho, melhoramento de pastagens, instalações e tudo isso acreditando na parceria – Imagem de Wolfgang Ehrecke por Pixabay

O pedido da FAPERON de cumprimento do preço mínimo estabelecido pelo Conseleite-RO foi negado pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios de Rondônia (SINDILEITE-RO). “Tive retorno de alguns laticínios e, no momento, não é possível chegar ao preço sugerido pelo Hélio Dias, de R$1,17, muito menos a R$1,45”, disse o presidente do Sindileite-RO, Pedro Bertelli, em reunião nesta segunda-feira (11).

Bertelli disse ainda que a perspectiva de pagamento de apenas R$0,50 são falsos rumores. Segundo ele, os produtores podem esperar pela mesma média de remuneração paga neste mês de maio.

Diante da resposta obtida e tendo em vista que o presidente do Sindileite alegou não poder falar em nome dos demais laticínios, a Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia (FAPERON) vai interceder com os laticínios de maior porte para sensibilizá-los quanto ao pagamento do preço mínimo de referência.

Para a FAPERON, é lamentável que o presidente de um sindicato, que deveria representar os laticínios de Rondônia, numa hora que necessita de uma decisão comercial que envolve centenas de famílias produtoras de leite, não responde pelos demais filiados à entidade representativa.

“Com o preço que está sendo praticado pelos laticínios, fica a cargo de cada produtor avaliar suas condições de se manter na atividade. Meu receio é de que essa prática neste momento de crise resulte na saída de muitos produtores da atividade, o que vai causar um déficit significativo na oferta de leite no estado”, lamenta o presidente da FAPERON, Hélio Dias.

Entenda a situação:
Sindicatos e produtores de leite pedem providências quanto ao preço do leite

A Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia (FAPERON), os Sindicatos dos Produtores Rurais e os produtores de leite foram pegos de surpresa com o rebaixamento dos preços pagos pelos laticínios do estado aos produtores no mês de abril de 2020. Em algumas regiões, o valor pago chegou a R$0,80 o litro, enquanto no mês de março o valor variou de R$1,10 a R$1,45 com as bonificações – valor este dentro do preço mínimo de referência do Conseleite-RO. Na comparação com o mesmo período de 2019, em maio o valor mínimo de referência padrão pago ao produtor foi de R$ 1,17.

“O setor produtivo investiu em rebanho, melhoramento de pastagens, instalações, insumos cada vez mais caros, tudo isso acreditando na parceria de trabalho forte entre indústrias e produtores rurais, mas o desrespeito e a falta de valorização dos nossos produtores responsáveis pela matéria-prima está trazendo revolta ao segmento”, desabafa Hélio Dias, presidente da FAPERON.

Na contramão do que é pago aos produtores, o que se observa nas gôndolas dos supermercados são preços nas alturas. O consumidor final chega a pagar R$29,00 pelo kg da muçarela, 500gr de manteiga de um laticínio local custa, em média, R$17,00. E mesmo com o acréscimo nos valores, vários estados da Federação registraram aumento no consumo de leite e derivados. A relação entre a alta nos preços dos insumos, o valor pago ao produtor e o que é cobrado do consumidor final forma uma balança desequilibrada.

O consumidor final chega a pagar R$29,00 pelo kg da muçarela nos – Imagem de Squirrel_photos por Pixabay

Outra preocupação do Sistema FAPERON/Senar/Sindicatos/Produtores é com a desistência em massa da atividade, caso não haja o restabelecimento do pagamento do preço mínimo de referência para Rondônia. “Caso isto venha a acontecer, teremos sérios prejuízos à economia dos municípios e até mesmo do estado”, alerta Dias.

A FAPERON entende que a Secretaria de Estado de Finanças de Rondônia (SEFIN-RO) deve se posicionar neste momento de dificuldade para garantir o equilíbrio do setor produtivo, coibindo os abusos e o estrangulamento da cadeia produtiva no estado. “As indústrias são beneficiadas com incentivos e vantagens fiscais, o que é importante para a manutenção desse elo da cadeia.

O que queremos é que o produtor também seja visto como ponto chave da cadeia.

Uma das reivindicações do setor leiteiro é a garantia do preço mínimo de referência por um período de 90 dias ou enquanto durar a pandemia e o contrato prévio de pagamento entre laticínios e produtores de leite, dando o mínimo de garantia e segurança ao produtor rural”, apela o presidente Hélio Dias.

O setor reivindica ainda que, passado os 90 dias deverá ser feita nova negociação de preços diretamente com os produtores e representantes da cadeia leiteira.

Entidades ligadas ao setor agropecuário propõem alternativas de equilíbrio nos preços praticados entre Produtores, Laticínios e Varejo  

O encontro virtual realizado nesta sexta-feira (08/05) entre os representantes dos diversos setores da cadeia leiteira e do governo estadual de Rondônia reuniu propostas de solução para a instabilidade no preço do leite pago aos produtores rurais no mês de maio.

A Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia (FAPERON) defendeu a preservação do valor mínimo de referência estabelecido pelo Conseleite-RO, respeitando a referência do mês de maio de 2019, onde o preço pago ao produtor foi de R$ 1,17 L. “O preço preconizado pelo Conseleite Rondônia é o preço mínimo justo entre os custos de produção e a capacidade das indústrias”, disse o presidente da FAPERON, Hélio Dias.

O mesmo raciocínio foi defendido pela Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Rondônia (FETAGRO). O Sindicato das Indústrias de Laticínios de Rondônia (SINDILEITE-RO) ficou de dar resposta, até a próxima segunda-feira, quanto a garantia dos preços mínimos apresentados na reunião.

Enquanto os produtores reivindicam preço e garantia no recebimento de suas remunerações, os laticínios declaram estar com estoques cheios e sem garantia de venda.

Neste viés, foram propostas duas alternativas. A primeira, promover campanhas de incentivo ao consumo dos produtos internos, a fim de fortalecer a cadeia produtiva do estado.

A outra, foi a de taxação de produtos vindos de outros estados na intenção de fomentar o consumo dos produtos internos. Ainda sobre este ponto, os preços nas gôndolas também deverão ser fiscalizados. O secretário de agricultura do estado, Evandro Padovani, anunciou que a SEAGRI, a Secretaria de Estado de Finanças (SEFIN-RO), a Polícia Civil e o PROCON-RO iniciarão blitz de combate a preços abusivos.

Outra proposta levantada foi a de criação de um subsídio ao produtor a ser pago pelo Fundo Proleite. A proposta inicial foi de R$0,10 por litro do leite. A Secretaria de Estado de Agricultura (SEAGRI) pediu prazo até segunda-feira (11/05) para analisar a viabilidade desta alternativa, uma vez que o Fundo está comprometido com projetos de apoio a cadeia leiteira aprovados recentemente.

Novo encontro via videoconferência ficou agendado para o início da próxima semana, momento em que a SEAGRI e a direção dos laticínios trarão respostas às propostas feitas pelos representantes dos produtores.

Fonte: Faperon

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