Um estado rico, com uma pecuária próspera, mas com pecuaristas em críse
Desafios e oportunidades para a Pecuária no estado de Rondônia em 2024
O Estado de Rondônia acumulou vários recordes na pecuária em 2023. Foi o maior exportador de carne da região Norte, o quinto maior do Brasil e teve o maior número de abates de cabeças bovinas de sua história, passando de 1,7 milhões de cabeças em 2022 para 2,7 milhões em 2023. Com um rebanho bovino que saltou de 17,6 milhões para 18,1 milhões de cabeças, distribuídas em 113.129 propriedades, a média de bovinos por propriedade é de aproximadamente 160,38 bovinos, também registrou um dos menores preços pagos pela arroba ao produtor.
Nas exportações de carne bovina refrigerada e congelada, o estado aumentou o volume em 27,5%. Já em valor, esse percentual foi de cerca de 8%. O valor médio da arroba exportada em 2023 ficou em torno de R$ 351,75, em comparação ao ano de 2022, que encerrou em cerca de R$ 415,34, representando uma redução de 15,31%. Quando comparado ao preço médio do dólar americano (US$), segundo o Ipedata, para 2023 de U$ 4,96 e para 2022 no valor de US$ 5,18. A variação negativa foi só de 4,24% em seu valor.
Já no campo, a realidade foi outra; os pecuaristas viram suas margens de rentabilidade sendo reduzidas de forma significativa nos preços oferecidos à arroba dos seus animais. Segundo dados da pesquisa semanal da Emater-RO, o valor médio recebido pela arroba em 2023 ficou em R$ 204,27 para vendas a prazo de 30 dias, sendo registrados mínimos de R$ 170,79 na média semanal para venda à vista, no mês de setembro.
Para o pecuarista e presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Vilhena e Chupinguaia, Gustavo José Sartor, essa redução nos preços à arroba fez com que diversos produtores tirassem o pé do acelerador e reduzissem os seus investimentos, “uma vez que estavam trabalhando na melhoria de suas propriedades, como currais, cercas, genética e estradas, com um cenário de arroba acima dos 290 a 305 reais. De repente, estão tendo que pagar as contas vendo animais sendo negociados abaixo de 200 em algumas ocasiões”, descreve Gustavo.
Para o pecuarista Matheus Folador, da cidade de Cacaulândia, que trabalha com cria, a comercialização do bezerro esfriou. Isso possivelmente se deve à queda no preço da arroba do boi gordo, à retenção de fêmeas e ao aumento da oferta de bezerros no mercado, o que resultou em uma baixa procura e em pagamentos reduzidos aos produtores.
“Essa situação pode acarretar graves consequências futuras na pecuária, uma vez que a desvalorização do bezerro incentiva o abate de matrizes. Apesar do cenário atual e das dificuldades enfrentadas, o pecuarista continua esperançoso por tempos melhores e comprometido com a criação sustentável, contribuindo para recordes na exportação do estado,” relata Matheus.
O Coordenador da Câmara Setorial da Carne, Edson Afonso Rodrigues, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (Faperon), explica que em um período de quatro anos, observamos um aumento significativo na oferta de animais tanto para abate quanto para reposição. “E com os aumentos dos custos, agravados pelo aumento do ICMS, o aumento do diesel e a falta de incentivos do governo, houve uma redução significativa no envio de animais de Rondônia para outros estados resultando em uma maior oferta para os frigoríficos e uma queda nos preços pagos,” pontua.
“Para resolver esses desafios, é fundamental que o governo reduza a alíquota de impostos, mas para isso, é necessário um esforço conjunto do governador, que precisa convencer estados como Goiás e Tocantins, que votaram contra o pedido de Rondônia no CONFAZ em 2023. O diálogo com o setor pecuário é essencial, e estamos buscando isso através da CSC (Câmara Setorial da Carne), com o objetivo de organizar melhor a cadeia,” ressalta Edson Afonso.
Fonte: Dhiony Costa e Silva (1294DRT-RO) – Asa Comunicação e Publicidade.