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Simpósio internacional ressalta força brasileira em bem-estar animal e sustentabilidade

Encontro realizado pela Produtor do Bem reuniu especialistas de diferentes áreas, da produção de proteína à moda

Competitivo e alinhado à produção sustentável, o mercado brasileiro de proteína animal é uma das principais apostas para alimentar o mundo nas próximas décadas. Como forma de auxiliar o setor a cumprir essa expectativa, a Produtor do Bem, social-startup criada para atuar na certificação dos sistemas de produção de alimentos, realizou o simpósio internacional “Brasil: Rumo à liderança global em proteína animal sustentável – Onde estamos e para onde vamos?”, em São Paulo, nesta terça-feira (11/6).

A iniciativa, como destacou o CEO da startup, José Ciocca, representa um momento único ao reunir diferentes frentes do setor em prol de um único objetivo: “É hora de falarmos sobre liderança global e sustentabilidade, temas que remetem diretamente à importância do trabalho em conjunto. Este trabalho exige atenção redobrada ao bem-estar animal, que não é algo independente ou isolado, e sim uma das forças motoras do nosso trabalho dentro e fora do Brasil”.

Além disso, como complementou a coordenadora de Relacionamento com a Indústria do Senai Biotecnologia, instituição apoiadora do evento, o encontro possui grande sinergia com a área tecnológica e, consequentemente, com estudantes.  

“Fomentar ações como essa é importante para que nossos alunos possam entender o que o mercado está requerendo. Os temas tratados aqui refletem o que o público mais jovem trabalhará no futuro próximo”, pontuou.

Bem-estar e sustentabilidade: novas commodities

Na busca contínua por um mercado produtivo cada vez mais sustentável e alinhado ao bem-estar animal, a colaboração entre as frentes públicas e privadas é um dos fatores de maior atenção, como frisou a representante da Coordenação Geral de Sustentabilidade e Regulação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Andréa Figueiredo Procópio de Moura.

Segundo a profissional, o consumidor contemporâneo se mostra cada vez mais instruído e informado e quer consumir produtos que resultem de bem-estar humano e animal. “Por isso, é tão importante que a indústria e o produtor com um todo se questionem sempre para onde e como querem seguir em frente”, afirmou.

Para isso, ela indica que o setor privado siga em constante transformação, com tecnificação dos processos produtivos, atendimento às expectativas da sociedade e desenvolvimento de novos produtos, com diversificação, assim como o setor público, com o aprimoramento dos controles oficiais, a constante atualização do Marco Regulatório e a abertura e acesso a novos mercados.

Esse processo de abertura de novos mercados, como explicou a representante da Global Reporting Initiative – América do Sul, Andrea Pradilla, está diretamente ligado a como as empresas atendem as diretrizes internacionais em relação à sustentabilidade, uma vez que não há mais barreiras.  

De acordo com Andrea, o desenvolvimento produtivo atual exige que soluções sejam encontradas de forma conjunta entre todas as partes interessadas. Por isso é tão importante que tais diretrizes sejam seguidas, uma vez que elas atuam como pontes entre os diferentes mercados. “As certificações, em destaque para as atreladas aos fatores de sustentabilidade, movimentam o mercado e fazem com que as empresas possam ficar frente a frente com a realidade. Alinhar-se a essas diretrizes é mostrar que leva essa discussão essencial a sério”, ressaltou.

No que se refere à relação entre agricultura e agropecuária, o professor da Universidade de São Paulo, Adroaldo Zanella, ao falar sobre o tema “Bem-estar animal como indicador de sustentabilidade da agricultura brasileira” destacou, no entanto, que a sustentabilidade precisar fazer sentido para o produtor dentro da porteira.

“O pecuarista precisa entender o papel do sistema alimentar nas mudanças climáticas, na biodiversidade e no bem-estar animal e humano. As oportunidades existem, mas precisam ser compartilhadas e comunicadas de forma efetiva. A comunidade científica, por exemplo, pode colaborar no estabelecimento de abordagens construtivas e na nossa relação com animais, através de um diálogo permanente com a sociedade civil. Vale ressaltar que, neste cenário, os processos de certificação têm um papel muito importante na comunicação entre os vários atores do setor produtivo”, detalhou Adroaldo.

No panorama europeu, o Chefe da Unidade: Bem-estar animal da Comissão Europeia, Andrea Gavinelli, ao detalhar sobre a dimensão internacional das políticas de bem-estar animal em evolução na região para uma agropecuária ética e sustentável, compartilhou como a proteção aos animais é uma questão civil, ou seja, as necessidades mercadológicas são reflexos do posicionamento social.

“As atividades internacionais de bem-estar animal são um investimento de longo prazo, baseado em três etapas subsequentes: sensibilização, capacitação e financiamento”, afirmou, ao reforçar a importância da rotulação nos produtos que serão exportados. “O bem-estar animal é algo que se desenvolveu ao longo dos anos e a população global tem acompanhado esse debate de perto”, complementou.

Neste cenário, a agropecuária brasileira, como também ressaltou o professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Mateus Paranhos, quando se adequa a diretrizes de bem-estar animal, é contemplada de diferentes formas, como a redução de perdas econômicas e aberturas de novos mercados, como o europeu.

“É importante que o agropecuarista tenha em mente a necessidade de minimizar os problemas e maximizar a qualidade de vida dos animais, fazendo com que eles tenham uma vida que valha a pena ser vivida. Essa decisão se reflete diretamente nos resultados da propriedade”, aconselhou.

Esse tipo de decisão vai ao encontro da crescente exigência por transparência produtiva dentro da narrativa de consumo consciente, como explicou o representante do Instituto AKATU, Lucio Vicente.  Como ponderou o profissional, a oferta deve ser tensionada para além da produção, exigindo conexão direta entre os dois extremos de um negócio: quem produz e quem consome.

A união faz a força

Durante a primeira mesa redonda, o Simpósio reuniu representantes de empresas de diferentes setores produtivos ligado ao bem-estar animal, da proteína à moda, com a gerente de Sustentabilidade e Investimento Social da GPA, Renata Amaral, o gerente de Desenvolvimento Sustentável da Special Dog Company, João Paulo Camarinha Figueira, a sócia-diretora da 374 Pets, Julia Séchis, o diretor do Instituto AKATU, Lucio Vicente e a coordenadora de Sustentabilidade Grupo Arezzo, Fernanda Bock.

Em um segundo momento, o evento também promoveu o encontro do diretor de Sustentabilidade da JBS Couro, Kim Sena, a gerente de bem-estar animal LATAM da Minerva Foods, Tamara Borges, o gerente executivo de Sustentabilidade da Seara Alimentos, Vamiré Sans e o gerente executivo de Avicultura da Mantiqueira Brasil, André Carreira Carlos.

Ao longo do debate, cada um dos convidados ressaltou como suas empresas se alinharam às questões de sustentabilidade para entender as mudanças do mercado e o reposicionamento contínuo do consumidor.

“Cooperação é fundamental. Precisamos que o setor se engaje, pois é muito desafiador atuar sozinho. É necessário que as cadeias mudem como um todo para que a sustentabilidade e o bem-estar animal sejam atributos intrínsecos a qualquer produto, de qualquer setor ou indústria”, resumiu a gerente de Sustentabilidade e Investimento Social da GPA, Renata Amaral.

COBEA promete unir empresas brasileiras em prol do bem-estar animal

Na busca pela promoção do bem-estar animal no Brasil e na América Latina, foi lançada durante o Simpósio a Colaboração Brasileira de Bem-estar Animal (COBEA). A iniciativa

multi-stakeholder e pré-competitiva, viabilizada pela Produtor do Bem, tem como objetivo unir players e, assim, ofertar soluções e facilitar avanços do setor.

O grupo sem fins lucrativos, como detalha a coordenadora da nova Associação, Elisa Tjarnstrom, representa uma decisão inédita no Sul Global e nasce de um crescente interesse e proatividade de empresas da cadeia brasileira em termos de bem-estar animal e práticas sustentáveis.

Com o lançamento, é esperado que nos próximos meses empresas de serviços de alimentação, restaurantes, varejistas e até mesmo pet food façam parte da iniciativa.

“É fundamental que a representação seja tão ampla quanto possível no longo prazo, pois estamos trabalhando para melhorar o diálogo e identificar as sinergias necessárias na cadeia de proteína animal como um todo”, afirma.

Sobre a Produtor do Bem

A Produtor do Bem é uma startup social criada por uma rede de especialistas da academia, da sociedade civil e do setor privado, atuando na certificação dos sistemas de produção de alimentos. Nossa principal missão é estimular o consumo e a produção consciente, melhorando o bem-estar dos animais de fazenda e transformando o atual sistema em um modelo mais justo e sustentável.

Saiba mais em https://produtordobem.com.br

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