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Infravermelho identifica com precisão e rapidez a qualidade da manga do Vale do São Francisco

Foto: Fernanda Birolo

A tecnologia conhecida como Espectroscopia no Infravermelho Próximo (NIRS, na sigla em inglês) está sendo empregada para identificar o estádio ideal para colher mangas em áreas irrigadas do Submédio do Vale do Rio São Francisco. Adaptado pela Embrapa Semiárido (PE), o equipamento é capaz de estabelecer com precisão o ponto em que o fruto deve ser retirado do manguezal a fim de atingir a qualidade de consumo após 20 dias, tempo necessário para que o produto chegue a mercados distantes no Brasil e no exterior, como Estados Unidos, Europa e Ásia.

O emprego da tecnologia responde a uma demanda imediata dos sistemas de produção: a rápida e confiável determinação de qualidade da manga sem necessitar destruir os frutos. É um procedimento bem mais vantajoso que os métodos convencionais empregados atualmente na região, que, de maneira geral, envolvem a perda de grande quantidade de frutas para serem avaliadas, além de demandar tempo e mão de obra especializada.

O pesquisador da Embrapa Sérgio Tonetto de Freitas explica que, nos métodos tradicionais, uma amostra de frutos é coletada para a análise destrutiva de firmeza e coloração da polpa e para obtenção do suco, utilizado na avaliação dos teores de sólidos solúveis e acidez titulável. O trabalho é intensivo e caro, devido à amostragem e aos procedimentos de avaliação, e ainda corre-se o risco de não ser representativo do lote comercial. “Daí a necessidade de métodos não destrutivos, como o NIRS, que é ao mesmo tempo confiável, preciso, rápido, robusto e sem geração de resíduos”, afirma.

Como funciona

Há quatro anos, a Embrapa Semiárido vem investigando o uso do Infravermelho Próximo, operado por meio de um equipamento denominado espectrofotômetro, que utiliza a radiação eletromagnética do infravermelho como meio para determinar em frações de segundo as características físicas e químicas de frutas, exibindo na tela, em tempo real, os valores obtidos. A sensibilidade do equipamento permite medições que conseguem precisar a constituição física e química das frutas, que são diferentes conforme o genótipo, manejo do pomar, estádio de desenvolvimento e localidade onde são produzidas.

A tecnologia vem sendo aplicada às principais variedades de manga cultivadas nas condições ambientais do Submédio do Vale do Rio São Francisco (Tommy Atkins, Palmer e Keitt). Para tanto, foram medidos e analisados milhares de dados necessários para uma efetiva calibração e validação do uso dos equipamentos. Entre os parâmetros de qualidade avaliados nos frutos estão os teores de matéria seca, sólidos solúveis (Brix), amido, acidez titulável, firmeza de polpa, cor de casca e de polpa.

Após passar por tratamento estatístico, esse grande volume de dados deu origem aos modelos de calibração, que já estão disponíveis para os agricultores e empreendedores da região. Eles são carregados nos espectrofotômetros, permitindo o seu uso na determinação da qualidade dos frutos. Atualmente, esses aparelhos são encontrados no mercado em versões pequenas e portáteis, funcionando acoplados a um computador, celular ou tablet, e possuem preços acessíveis. “Esse é mais um fator atrativo para a aquisição do equipamento, que tem grande potencial para apoiar tomadas de decisões rápidas durante as atividades do dia a dia de agroindústrias ou propriedades rurais”, afirma o pesquisador da Embrapa.

Segundo Tonetto, é essencial que os equipamentos sejam calibrados com as informações específicas do genótipo e do local de cultivo. Caso contrário, como mostraram as avaliações feitas no Laboratório de Fisiologia Pós Colheita da Embrapa Semiárido, podem ocorrer erros de medições em torno de 4% a 10%, faixa bem acima das medidas apontadas pelo equipamento quando devidamente calibrado, que é de apenas 0,5%, para determinados parâmetros de qualidade.

Medição da doçura dos frutos

Tonetto aponta, ainda, como vantagem do uso do NIRS a possibilidade de considerar outros aspectos importantes e que geralmente deixam de ser avaliados em razão das dificuldades dos métodos convencionais. É o caso do teor de matéria seca e de amido que, quando medidos no momento da colheita, permitem ao produtor saber antecipadamente a quantidade de açúcar e, portanto, o sabor que os frutos terão ao chegar ao consumidor. Assim, ele pode optar pela colheita ou classificação dos frutos com mais garantia de qualidade, ou mesmo adotar práticas agrícolas que aumentem a quantidade desses teores nos frutos no pomar.

A determinação dos teores ideais de matéria seca e amido no momento da colheita está sendo investigada pela Embrapa em parceria com a Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Para tanto, os frutos são colhidos com diferentes teores dos compostos, e, após amadurecerem, são submetidos a análise sensorial pelos consumidores, buscando identificar os frutos com melhor aceitação no mercado.

“Esses parâmetros já vêm sendo estudados e determinados em outros países produtores de manga que competem com o Vale do São Francisco. Por isso, torna-se importante a busca por alternativas que possam melhorar a manga nacional no mercado internacional, aumentando a competitividade da fruta brasileira”, destaca o pesquisador.

Estratégias comerciais competitivas

 “Uma região que possui mais de 25 mil hectares cutivados com mangueiras, e é a principal exportadora dessa fruta do País, precisa sinalizar com clareza a sustentabilidade dos seus sistemas de produção e a qualidade dos frutos colhidos e levados ao mercado. Só assim, poderá manter estratégias comercais competitivas para os mercados interno e externo”, afirma Tonetto. Para ele, essa pesquisa está abrindo novas ideias sobre qualidade e satisfação dos consumidores. “Consumidor satisfeito garante a compra do fruto mais vezes e estimula o consumo”, enfatiza.

As novas etapas da pesquisa em andamento incluem o uso dessa alternativa pelos consumidores, com a entrada no mercado de aparelhos celulares e tablets com a tecnologia do Infravermelho Próximo. Um banco de dados, com informações inseridas na memória do aplicativo instalado no celular, permitirá que o consumidor, qual um especialista, seja assertivo na escolha de frutos de bom sabor e sem desordens internas, explica o pesquisador Sergio Tonetto de Freitas.

Futuro no celularEm um futuro não muito distante, aparelhos móveis, como os celulares, passarão a dispor de aplicativos capazes de fazer leituras quase que instantâneas de qualidade das frutas. Ou seja: o consumidor terá em mãos um recurso apropriado para dissipar as inevitáveis dúvidas diante das gôndolas de supermercados ou feiras, facilitando a escolha sobre qual produto adquirir

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Fonte: Marcelino Ribeiro (MTb 1127/BA) 
Embrapa Semiárido 

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