Indígenas de 54 povos de Rondônia são beneficiados com equipamentos de apoio às atividades extrativistas nas aldeias
O povo indígena Paeté Suruí comemorou, no final tarde desta segunda-feira (3), a entrega de nove tratores, nove carretas agrícolas, sete grades aradoras, um caminhão caçamba, e um equipamento completo de beneficiamento de castanha, a serem utilizados pelos 54 povos indígenas do estado que produzem, principalmente, café, farinha, castanha, açaí e banana. O evento aconteceu no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei Vilhena), instalado na cidade de Cacoal.
A entrega foi realizada pelo governador Daniel Pereira, que assinou junto aos representantes indígenas, a Fundação Nacional do Índio em Rondônia (Funai-RO) e a secretária Mary Braganhol, da Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri), um Acordo de Cooperação Técnica de apoio às atividades extrativistas em áreas indígenas.
Uma minuta assinada pelo governador também foi entregue aos indígenas legalizando a produção para comercialização pelos índios. O povo Suruí vive em uma área de 248 mil hectares de terra, com cerca de 2 mil pessoas e segundo o coordenador da Funai-RO, Ricardo Prado, somente de castanha foram produzidas na última safra 210 toneladas. “O benefício é muito bem-vindo, e nós esperamos que essas ações possam também ajudar na valorização da produção, que já vem melhorando, assim como o café”, declarou.
Henrique Suruí, cacique geral da etnia, disse estar preocupado com o cenário político atual. “Não sabemos como será o futuro dos povos indígenas, mas somos muito gratos pelo apoio que recebemos e a atenção que nunca tivemos antes desta gestão. Essa iniciativa vai ficar marcada na nossa história”.
Wellington Gavião, à frente da Coordenação dos Povos Indígenas de Rondônia, destaca a importância da gestão ter incluído o olhar específico voltado para as necessidades indígenas e considera um avanço para os povos.
Daniel Pereira destacou também que o melhor projeto de educação nacional, concorrendo com todas as categorias igualmente, foi o do povo Suruí, e se orgulhou de ser o governador a promover os primeiros jogos indígenas de Rondônia, dando visibilidade à cultura e atividades das comunidades nativas.
“Há relatos históricos de que os nossos indígenas vieram do Oriente há 10 mil anos. Eu ouso dizer que os índios daqui são a comunidade coreana no Brasil. Eles preservam e trabalham com sustentabilidade, assim como vi na Coréia do Sul. Temos agora uma porta aberta para tentar escoar essa produção para aquele país em que para onde se olha há uma cafeteria, mas não se planta um pé de café. A nossa castanha também pode ser produto para essa negociação. Só precisamos entender que com formação profissional eles poderão muito mais”.
O governador lembrou também a Escola Abaitará que atendendo aos jovens indígenas vai formar 2.300 técnicos. “Esse é o caminho. Dar condições aos indígenas de formar profissionais em todas as áreas, para que eles retornem com esse conhecimento em favor do próprio povo, contribuindo com a produção e desenvolvimento do nosso estado”.