Desenvolvimento de nanopesticidas e nanofertilizantes fornece novas ferramentas para crescimento sustentável da agricultura
Um trabalho de revisão conduzido por cientistas da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Embrapa Meio Ambiente analisou os principais tipos de nanofertilizantes e nanopesticidas, dando exemplos de produtos e suas aplicações em plantas em comparação com produtos químicos convencionais, uma vez que apesar das vantagens do uso da nanotecnologia na agricultura, é necessário considerar suas limitações e compreender seu comportamento ambiental.
O estudo concluiu que, embora o uso de nanopartículas inorgânicas na agricultura ofereça oportunidades para melhorar o rendimento das culturas, é importante realizar uma avaliação de risco antes da comercialização e uso em práticas agrícolas. Para tanto, pesquisas interdisciplinares são importantes para apoiar esta inovação tecnológica que auxiliará no alcance de resultados mais ambientalmente sustentáveis na produção de alimentos.
De acordo com Bruno de Souza da UEL, a adubação com nutrientes e o uso de pesticidas na agricultura auxiliam na melhoria da produtividade e qualidade das culturas. No entanto, seu uso pode causar prejuízos aos organismos presentes no ambiente. “Por isso, é necessário buscar uma alternativa inovadora, que aumente a eficácia de fertilizantes e defensivos, reduzindo seu impacto ambiental e melhorando a produção de alimentos”, explica Souza.
Nesse particular, a nanotecnologia está surgindo como uma alternativa promissora. Conforme Jhones Oliveira da Unesp, uma nanotecnologia usada para fins agroalimentares é vista então como uma abordagem sustentável, mais segura para o consumo humano e animal e para o meio ambiente, além de aumentar a produtividade agrícola.”Os nanofertilizantes oferecem benefícios no manejo nutricional e os nanopesticidas possibilitam melhor controle de pragas”, acredita Oliveira.
As nanopartículas inorgânicas podem ser usadas em associação com ingredientes orgânicos ativos ou como ingredientes ativos. A sua absorção pelo organismo e a subsequente toxicidade das nanopartículas inorgânicas no ambiente dependem de suas características físico-químicas. Portanto, esclarece Halley Oliveira da UEL, é essencial compreender as respostas biológicas à exposição de organismos não-alvo, pertencentes a vários níveis tróficos, a estas nanopartículas, que possam representar um risco para a saúde humana.
Nesse contexto, estudos de absorção, translocação, internalização e avaliação da qualidade nutricional devem ser realizados para entender as interações das nanopartículas com os organismos. Conforme demonstrado, diz a pesquisadora Vera Castro da Embrapa Meio Ambiente, “a pesquisa e desenvolvimento de nanopesticidas e nanofertilizantes podem fornecer novas ferramentas que apoiam o crescimento sustentável da agricultura”.
O estudo é de Bruno Teixeira de Sousa, UEL; Jhones Luiz de Oliveira, Unesp; Halley Oliveira, UEL e Vera Castro, Embrapa Meio Ambiente e está disponível aqui.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente