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Desempenho da cultura do milho inoculado com Azospirillum brasiliense via folha em diferentes doses

Autores: Henrique Giordani Martini Ferreira¹; Cesar Augusto Gotardo Victola¹; Gustavo Adolfo Fregonezi2; Osmar Mazieiro Buratto³

Introdução 

O manejo inadequado da adubação se torna um dos principais fatores que contribuem para que não ocorra aumento da produtividade na cultura do milho (Repke et al., 2013). Demonstrando a necessidade de se aplicar as técnicas adequadas já existentes e buscar novas técnicas de manejo para obter incremento de produtividade e por consequência garantir lucros ao produtor (Basi, 2013). Entre os três principais macronutrientes primários fornecidos pelos fertilizantes (nitrogênio, fósforo e potássio), o nitrogênio tem um dos papeis mais importantes para o aumento da produção e das proteínas nos grãos (Dias et al., 2018; Cunha et al., 2014).

Desta forma, a busca de alternativas de sistemas sustentáveis da produção do milho, visando à redução na aplicação de N mineral, o aumento na eficiência na utilização de N, redução no custo de plantio e aumento de produtividade. O objetivo desse trabalho foi avaliar a resposta do milho segunda-safra com aplicação de doses crescente de Azospirillum brasiliense via foliar.

Materiais e Métodos 

O experimento foi conduzido em área experimental na fazenda escola do Centro Universitário Filadélfia – UNIFIL, segunda safra (Safrinha) 2020 localizada no município de Londrina, Paraná (23°23’21.32” S, 51°10’42.98” O), altitude de 551 m e solo classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico.

O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro tratamentos e seis repetições, em parcelas de 28 m². O hibrido utilizado foi o Morgan transgênico 30A37 Powercore Ultra. Os tratamentos avaliados foram: T1 – adubação N-P-K na base, com cobertura de sulfato de amônio de para suprir a necessidade de 122 kg ha-1 de N; T2 – adubação N-P-K na base, com uma dose de A. brasilense na semente (100 ml-1 60.000 sementes) e uma dose de A. brasilense via foliar (300 ml ha-1); T3 – adubação N-P-K na base, com uma dose de A. brasilense na semente (100 ml-1 60.000 sementes) e duas doses de A. brasilense via foliar (600 ml ha-1); T4 – adubação N-P-K na base, com uma dose de A. brasilense na semente (100 ml-1 60.000 sementes) e três doses de A. brasilense via foliar (900 ml ha-1).

A cobertura de sulfato de amônio e a foliar com A. brasilense foram realizadas no mesmo estádio fenológico, em V4 e no mesmo dia. As aplicações foliares com A. brasilense foram realizadas com um pulverizador costal pressurizado a CO2, com barra de 2,5 metros, com cinco bicos, sendo as pontas utilizadas leque duplo (MUG 03, MagnoJet, vazão de 0,0625 L s-1), velocidade deslocamento foi de 1,50 m s-1, com volume de calda de 200 L ha-1.

Para avaliação de produção dos tratamentos, em cada parcela, foram excluídas duas linhas laterais de bordadura e 1 m das extremidades de cada linha. A colheita foi efetuada manualmente em 4 metros nas duas linhas centrais das parcelas, totalizando 3,6 m². Para calculo de produtividade, os teores de umidade dos grãos foram padronizados em 14% de umidade. Esses resultados foram submetidos à análise de variância e quando significativos submetidos ao teste de Tukey a 5% de significância pelo programa SASM- Agri.

Resultados e Discussão 

Os resultados obtidos no trabalho não deram diferenças significativas na produtividade de milho Tabela 2. Os tratamentos que houve pulverização de A. brasilense via foliar obtiveram a mesma produtividade do que o tratamento que foi aplicado sulfato de amônio em cobertura. Resultados estes que concordam com Portugal et al. (2012), avaliando aplicação de A. brasilense via foliar associado com doses de nitrogênio em cobertura, observou que inoculação da bactéria A. brasilense via foliar no milho, proporcionou um incremento de 868 kg ha-1 ou 14,75% na produtividade do milho.

No presente trabalho foi observado que a dose de 300 ml ha-1 de A. brasilense aplicado via foliar apresenta o mesmo resultado de produtividade do milho que o primeiro tratamento que teve como adubação de cobertura sulfato de amônio Tabela 2. Mostrando que podem obter os mesmo resultados de produtividade do milho utilizando o inoculante via foliar, tendo um menor gasto do que se utilizar adubos minerais, como a o sulfato de amônio, para suprir a necessidade de N para cultura do milho.

Mumbach et al. (2017) observaram que o milho possui uma dependência da adubação nitrogenada, não possibilitando ser eliminada 100% do aporte de N mineral. Mas que o uso da inoculação permite a redução pela metade da quantidade de N mineral aplicada em cobertura, sem afetar o crescimento e perdas de produtividade do milho. Segundo Hungria et al. (2010), a utilização de inoculação com A. brasilense pode economizar cerca de 52 kg de N ha-1 para cultura do milho e cerca de 34 kg de N ha-1 para cultura do trigo, onde os dois em conjunto pode trazer uma economia de US $ 1,2 bilhões por ano.

Desta maneira, além da econômica para os agricultores, o uso de Azospirillum é uma importante estratégia na busca por sistemas agrícolas mais conservacionistas (Fukami et al., 2016; Hungria, 2011).

Conclusão 

A utilização de 50 kg.ha-1 de N na adubação de base, mais A. brasilense via semente e foliar na dose de 100 ml-1 60.000 sementes e 300 ml.ha-1, respectivamente, obteve a mesma produtividade de milho que o tratamento onde utilizou somente adubo mineral na adubação de base e de cobertura do milho. Mostrando que a utilização do A. brasilense no milho além de ser mais econômico do que o sulfato de amônio, torna-se uma importante estratégia na busca por sistemas agrícolas mais conservacionistas.

Referências

BASI, S. Associação de Azospirillum brasilense e de nitrogênio em cobertura na cultura do milho. Dissertação em Agronomia, Universidade Estadual do Centro-Oeste (63 p.), Guarapuava – PR, 2013.

CUNHA, F. N. et al. Efeito da Azospirillum brasilense na Produtividade de Milho no Sudoeste Goiano. Revista Brasileira de Milho e Sorgo. v.13, n.3, p. 261-272, 2014.

DIAS, V. C. et al. Azospirillum brasilense e nitrogênio no rendimento de óleo em grãos de milho, em cultivo de entressafra, sob baixa latitude. Journal of Bioenrgy and Food Science, 5(4), 106-118. doi: 10.18067/jbfs.v5i4.212, 2018.

FUKAMI, J. et al. Acessing inoculation methods of maize and wheat with Azospirillum brasilenseAMB Express. v. 6, p. 1-13, 2016.

HUNGRIA, M. Inoculação com Azospirillum brasilense: inovação em rendimento a baixo custo. Londrina, Embrapa Soja, 2011. 36p.

HUNGRIA, M. et al. Inoculation with selected strains of Azospirillum brasilense and A. lipoferum improves yields of maize and wheat in Brazil. Plant Soil v. 331, p. 413-425, 2010.

MUMBACH, G. L. et al. Resposta da inoculação com Azospirillum brasilense nas culturas de trigo e de milho safrinha. Scientia Agraria, vol. 18 n°. 2 Curitiba, p. 97-103, Abr/Jun.2017.

PORTUGAL, J. R. et al. Inoculação com Azospirillum brasilense via foliar à doses de nitrogênio em cobertura na cultura do milho. XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO – Águas de Lindóia – 26 a 30 de Agosto de 2012.

REPKE, R. A. et al. Eficiência da Azospirillum brasilense combinada com doses de nitrogênio
no desenvolvimento de plantas de milho. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, p. 214-226, 2013.

Informações sobre os autores: 

  • ¹ Pós-graduandos do Curso de Manejo, fertilidade de solo e nutrição de plantas em grandes culturas, Centro Universitário Filadélfia (UniFl), Londrina/PR. E-mail: henriquegiordane@hotmail.com / go.cesar@hotmail.com
  • ² Prof. Dr. Centro Universitário Filadélfia (UniFl), Londrina/PR. E-mail: gustavo.fregonezi@unifil.br
  • ³ Engenheiro Agrônomo, Cocamar Cooperativa Agroindustrial, Querência do Norte/PR. E-mail: osmarburatto11@gmail.com

Fonte: https://maissoja.com.br/

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