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Criação de abelhas e produção de mel: entenda essas alternativas para a diversificação de produtos no campo

A apicultura, como a praticada pelo Grupo Franciosi, é opção viável para produtores rurais, mas exige ações específicas

Reconhecido pelo pioneirismo na produção de soja orgânica, o grupo Franciosi aposta atualmente na criação e cultivo de um outro tipo de recurso que apoia o meio ambiente: as abelhas.

Em seu histórico, a propriedade sempre se destacou entre os produtores de soja de Mato Grosso ao ter como carro-chefe a produção do grão utilizando apenas produtos biológicos para o controle de pragas. No entanto, em meados de 2010, período no qual foi colhida a última safra da soja orgânica, devido aos prejuízos causados pela Ferrugem Asiática, os produtores passaram a utilizar diferentes ferramentas de proteção de cultivos, como os defensivos agrícolas.

Mesmo com a mudança, a busca pelo equilíbrio entre a produção e a conservação do meio ambiente sempre se manteve em destaque. Por isso, a utilização de defensivos agrícolas com seletividade ao inimigo natural da cultura é um dos pilares para o manejo adequado, possibilitando ganhos secundários, como permitir a presença de polinizadores, contribuir com o pegamento da soja e, consequentemente, aumentar a produtividade local.

Em paralelo ao cultivo do grão, o gestor de Projetos da propriedade, Bruno Franciosi, identificou a possibilidade de aproveitar a reserva legal de uma das propriedades rurais do grupo para a produção de mel, utilizando a estrutura da fazenda para a criação de abelhas, uma iniciativa sustentável e que agregaria valor ao negócio.

A Fazenda Aparecida da Serra, localizada na Serra dos Parecis, em Tangará da Serra (MT), no coração do Cerrado, possui 10 mil hectares, com 5.6 mil deles de reservas, iniciou a criação de apiários. “Primeiro montamos um projeto pequeno para depois ir aumentando aos poucos. De início, foram 10, 20, 100 colmeias, e assim por diante, objetivando atingir a capacidade da propriedade de 3 mil colmeias”, conta o profissional.

Segundo Franciosi, para iniciar no ramo é necessário avaliar a viabilidade econômica da atividade, além de ter um plano de ação bem definido. É de suma importância que exista uma pessoa experiente no assunto para tocar o projeto em parceria. “Vimos que precisaríamos de uma pessoa que fosse especialista em apicultura e começamos também a estudar mais o assunto, com cursos de capacitação dos órgãos reguladores”, relata.

Para trabalhar com apicultura, experiência prévia e conhecimento no assunto são essenciais, pois, apesar de ser um bioma com potencial para a área de trabalho, são muitos os desafios a serem enfrentados: “Desde o início do nosso projeto, há cerca de cinco anos, enfrentamos algumas dificuldades, como, por exemplo, as queimadas no Pantanal, algumas pragas típicas da região, animais como tatus canastra, antas, entre outros, que nos fizeram ter de recomeçar e aperfeiçoar a atividade”.

Conscientização quanto ao uso correto de defensivos

Outro desafio a ser enfrentado é a conscientização dos produtores rurais do entorno quanto ao uso correto de defensivos agrícolas. Atualmente, com a utilização correta de defensivos agrícolas na propriedade e o manejo adequado das colmeias, não foram causados prejuízos às abelhas. Dessa forma, ambas as atividades coexistem de forma benéfica. Contudo, Bruno relembra que já enfrentou problemas de mortandade de abelhas devido à aplicação incorreta de defensivos por parte de proprietários vizinhos. “Nestes casos, destacamos para todos os envolvidos que os defensivos aplicados de maneira correta e segura não são prejudiciais ou causadores de perdas das abelhas”, frisa.

As propriedades do grupo Franciosi, além de também se beneficiarem da polinização nas culturas de girassol e milho, têm intensificado estudos para garantir uma aplicação segura de produtos químicos na soja, reforçando a polinização nesse cultivo.

De acordo com o profissional, existem algumas boas práticas que podem ser utilizadas para que não haja nenhum tipo de problema. “Seguimos algumas regras, como, por exemplo, sempre comprar produtos seletivos para as abelhas, e quando levamos as colmeias para a lavoura no período da floração, não os aplicamos”, explica.

“Esse tipo de iniciativa faz com que colhamos bons resultado, como o selo de inspeção municipal, conquistado ao atendermos todas as necessidades sanitárias. Além disso, seguimos apostando no potencial do Cerrado como pasto apícola para que a propriedade possa crescer e dar frutos, pois o potencial existe, só precisamos continuar a superar os desafios”, complementa.

Por fim, Bruno defende que os produtores rurais estudem possíveis parcerias com apicultores do entorno das suas propriedades para que todos ganhem. “Ter uma relação de confiança e um canal de comunicação com o entorno pode ser fundamental para que as atividades apícolas não tenham surpresas e sigam caminhando junto com a agricultura da região”, finaliza.

Incentivo ao diálogo entre apicultores e agricultores

Entidades do setor como o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) possuem diversas ações para incentivar essa relação mais próxima entre o apicultor e o agricultor. O Sindiveg, por exemplo, possui o programa Colmeia Viva®, cujo objetivo é incentivar o diálogo entre produtores e criadores de abelhas para encontrar caminhos para uma relação que valorize a proteção racional dos cultivos, a proteção das abelhas e do meio ambiente, o serviço de polinização realizado por elas e o respeito à apicultura.

O Plano Nacional de Boas Práticas Agricultura-Apicultura é a iniciativa mais importante do programa. Trata-se de um plano de prevenção da mortandade de abelhas e mitigação de incidentes, baseado na disseminação de boas práticas no uso de defensivos e na formalização do pasto apícola entre agricultores e apicultores. As principais iniciativas do Plano são: Assistência Técnica, Colmeia Viva App, Manual de Boas Práticas, Treinamentos EAD e o Mapeamento de Abelhas, iniciativa de pesquisa com a participação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Sobre o Sindiveg

Há mais de 80 anos, o Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal atua no Brasil representando o mercado de defensivos agrícolas no País, com suas 27 associadas, e dando voz legalmente à indústria de produtos de defesa vegetal em todo o território nacional. O Sindicato tem como propósito a promoção da produção agrícola de forma consciente, com o uso correto e seguro dos defensivos, bem como apoiar o setor no desenvolvimento de pesquisas e estudos científicos para o seu uso consciente, sempre respeitando as leis, a sociedade e o meio ambiente. Mais informações: www.sindiveg.com.br

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