Calor excessivo e seca ameaçam a safra em Rondônia

Inquietações relacionadas ao clima, replantio e infestações de pragas nas plantações têm tirado o sono de muitos agricultores.

Os agricultores rondonienses enfrentam desafios decorrentes da influência do El Niño nas lavouras deste ano. A safra de soja 2023/24 encontra-se em um cenário difícil, com produtores lidando com a escassez de chuvas, necessidade de replantio e o surgimento de pragas. A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Rondônia (Aprosoja-RO) está em estado de atenção e tem buscado ações junto aos órgãos públicos para mitigar os efeitos das adversidades climáticas.

O diretor da Aprosoja, João Bosco Altoé, destaca a preocupação da associação em relação a uma possível quebra de safra, que é real e pode acarretar não apenas prejuízos financeiros, mas também afetar o abastecimento do estado. Ele enfatiza: “Antecipando essa situação, estamos buscando, junto às entidades públicas, sensibilização para a ampliação da janela de plantio. Além disso, em parceria com a Faperon, estamos coletando dados sobre os efeitos da falta de chuva para ações conjuntas,” relata Bosco.

Segundo o pesquisador da Embrapa, Vicente Godinho, a situação está desafiadora, com diversas realidades dentro do estado devido à influência do El Niño. “No Estado, apenas Vilhena atingiu 100% da área plantada, enquanto o restante ainda não concluiu o plantio. O desempenho da safra de soja e do milho de segunda safra será determinado pelas condições climáticas. Os agricultores continuam dedicados, fazendo a sua parte. Na região do Abunã, onde raramente ocorre um balanço hídrico negativo, foram registrados relatos de replantio. Atualmente, o plantio está atrasado na maior parte do estado,” descreve Godinho.

O produtor Diego Meurer, da região da BR-429, na cidade de Seringueiras, expressou suas apreensões sobre as condições da safra de soja 2023/24. “Comparado ao ano passado, está ruim, pois vem atrasando o desenvolvimento da planta. Cada dia sem água, ela gasta energia, e a perda de produtividade é certa. A situação varia de acordo com a localização, pois aqueles que foram privilegiados com algumas chuvas relataram uma condição um pouco melhor. Mas o entanto, no geral, são poucas as áreas consideradas boas. O replantio é uma realidade para alguns, com relatos de áreas passando por até três replantios, uma situação agravada pela escassez de umidade e temperaturas elevadas,” relata o produtor.

O produtor Roni Reolon, de Itapuã do Oeste, destaca que as sementes estão no barracão, mas até hoje não conseguiu plantar devido à falta de chuva que proporcionasse condições adequadas de solo para o plantio. “Aliás, já se passaram quatorze dias desde a última chuva. Se tivesse plantado antes, não resolveria, pois está sendo um período de seca intenso. Na minha região, tem mais gente passando por isso; os que conseguiram plantar estão enfrentando perdas significativas, pois a plantação ficou bem rala. O problema é que fazer o replantio fica caro, e aí perdemos a oportunidade da safrinha de milho, né? Infelizmente, minha safrinha já era; foi embora,” relata o produtor, que espera que chova para conseguir realizar o plantio.

Outro produtor, Silvernani Santos, de Jaru, na sua região, a chuva tem sido escassa, comprometendo o desenvolvimento das plantas e afetando a produtividade, que já está comprometida. “O desafio não se limita apenas à falta de chuvas. A elevada temperatura e a baixa umidade estão contribuindo para o surgimento de pragas, como tripes e mosca branca, que afetam negativamente a fotossíntese e representam porta de entrada para patógenos,” relata Silvernani Santos.

Fonte: Dhiony Costa e Silva (DRT-RO 1294)
Assessoria Aprosoja-RO / ADR Comunicação e MKT