Rondônia: pecuária forte, carne forte!
Por: Dhiony Costa e Silva*
Nos últimos anos, a pecuária rondoniense vivênciou um grande avanço, tanto em escala quanto em sustentabilidade, o que possibilitou ao estado o quarto lugar no ranking nacional em exportações de carne, o maior abatedor de bovinos da região Norte, a conquista de mercados internacionais e a valorização da produção agropecuária.
Rondônia tem um rebanho total de bovinos e bubalinos de 13.830.333 cabeças, distribuídos por 5.860.878 hectares de pastagens e divididos em 97.539 propriedades. O rebanho de corte perfaz 74,97% deste total, com 10.368.806 cabeças. E, em julho de 2018, este montante foi responsável por 65,45% de todo o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Estado de Rondônia.
O acumulado das exportações de carne bovina de Rondônia, até o mês de julho de 2018, já é maior (2,8%) que todo o volume exportado no período de janeiro a julho de 2017, alcançando mais de 81.821 toneladas. Os dados são do Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat), do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), confira mais detalhes no gráfico.
A categoria que obteve destaque na pauta de exportação do estado foi a carne desossada de bovino congelada, com 23,48% no período. Os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), de janeiro a junho de 2018, mostram evolução do item carne desossada de bovino fresca ou refrigerada que atingiu acréscimo de 115,7%, quando comparada ao período de 2017. Todo o complexo da exportação de carne, miudezas entre outras teve aumento de 4%, atingindo um total na pauta de US$ 254.006.285 no período.
AbateO número de abate com inspeção federal em Rondônia seguiu a tendência, variando entre altas e baixas, sendo em maio registrado o menor volume nos abates, com 159.518 cabeças, e julho com alta de 43%, chegando a 228.175 animais. Essa queda no abate no mês de maio pode estar ligada diretamente à greve dos caminhoneiros.
Quando comparado com o período de 2017, no qual foram abatidas 1.267.282 cabeças, Rondônia obteve acréscimo de 3,63% no total de abate, chegando abater 1.376.907 em 2018, ou seja, 109.625 mil cabeças a mais.
Estes números garantem ao estado o quarto lugar no ranking nacional e o primeiro lugar na região Norte no abate de bovinos. Cabe destacar que os dados quantitativos de abate é de responsabilidade dos Serviço de Inspeção de Produto de Origem Animal (SIPAs/DFAs), do Mapa.
Preço da @
Já no que interessa mais diretamente ao produtor rural, o preço da @, no indicador do boi gordo Esalq/Bm&Fbovespa, desde janeiro de 2018, manteve-se em queda constante até o mês de junho, que registrou R$ 138,53 por @, o menor preço no período. Julho apresentou recuperação acentuada de 2,3%, mantendo a linha de tendência de crescimento em agosto, com aumento de 2,18%, chegando aos R$ 144,81. Alta de 4,5% desde junho.
Observações CEPEA: O Cepea divulga valores à vista do boi gordo com base somente na taxa CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Nota 2: Os valores divulgados correspondem à média livre de Funrural
Quando comparado o gráfico de evolução do preço da @ no período de janeiro a julho de 2018, com o mesmo intervalo de 2017, temos uma linha com menor quebra dos diferenciais pagos, ou seja, apesar das baixas que foram constantes, não ocorreu redução de forma brusca como no ano de 2017. Contudo, os meses de julho e agosto estão se apresentando como marcadores de recuperação do preços, com possibilidade de chegar a referência de janeiro de 2017 antes de dezembro de 2018.
Já no estado de Rondônia, no gráfico com os dados da pesquisa semanal de preços médios pagos aos produtores rurais da Emater-RO, os preços da @ não se comportaram nos mesmos padrões de referência do indicador do boi gordo Esalq/Bm&Fbovespa.
Os valores pagos pela @ no Estado de Rondônia iniciaram janeiro 11,55% menor que os preços de referência do indicador da Esalq/Bm&Fbovespa, nos preços a prazo (30 dias), e queda de 14,10% nos preços à vista. A maior queda no preço da @ do boi gordo a prazo (-1,94%) ocorreu entre os meses de abril e maio. No preço à vista, a queda foi de 3,61%, entre os meses de março e abril.
Os preços só voltaram a se recuperar no mês de julho com uma valorização de 0,71% a prazo e 0,34% à vista, sobre os preços pagos em junho.
Mercado internacional
Os preços pagos no quilo de carne nas exportações registradas pelo Agrostat, estão 3,8% (US$ 3,54) mais baixos que no mesmo período de 2017 (US$ 3,58). Mas, em compensação, a cotação do dólar em julho de 2017, que estava em média US$ 3,11, registrou alta no fechamento do mês de julho de 2018, ficando cotado a US$ 3,75.
Concluímos que o preço médio da @ comercializada no mercado internacional frente aos dados apresentados no período em 2017 girou em torno dos R$ 171,67 e, em 2018, por volta de R$ 199,12, apesar do valor pago pelo quilo da carne ter reduzido de 2017 para 2018. A valorização do dólar frente ao real tem reduzido essa diferença, favorecendo as exportações de carne e contribuindo para a rentabilidade na conversão da moeda.
Valor da Produção Agropecuária
Os dados apresentados contribuíram para a redução do Valor da Produção Agropecuária (VBP) do Estado de Rondônia. Em 2018, o VBP estimado até julho, alcançou R$9,1 bilhões, 3,43% menor que o apurado no mesmo período de 2017 (R$ 9,4 bilhões). As lavouras tiveram redução de 5,54% e a pecuária de 3,43%, em relação ao mesmo período de 2017.
Os produtos com melhor desempenho são cacau, com aumento real de 26,64%, banana 26,20%, soja 16,41% e mandioca 7,27%. Estes quatro produtos representam 16% do VBP de Rondônia. Banana e soja apresentam recordes de valor na série analisada, desde 2009. Ambos são beneficiados por preços mais elevados do que em 2017, e recordes de produção.
Na pecuária, o único produto com desempenho positivo foi o frango, com 0,94%, todos os outros itens estão com valores inferiores aos de 2017. Os preços reais encontram-se em níveis menores que no ano passado, principalmente em suínos (-21,5%), ovos (-20,4%), leite (-8,74%) e bovinos (-1,6%).
Levando-se em conta o que foi observado no gráfico de abate, de exportações, do preço da @ e dos preços no mercardo internacional, conclui-se uma forte tendência à valoriação dos preços da @ no mercado interno, com o aumento do abate e das exportações. Fortalecidos pela seca atingindo seu ápice, afetando diretamente as pastagens, reduzindo a oferta de animais terminados a pasto.
Ou seja, nos próximos meses de 2018 o cenário é promissor para que os pecuaristas possam se recuperar de seis meses de baixas consecutivas nos preços da @. Mas, com atenção no mercado externo e interno, que balizam os preços da @ e aos custos de produção da @ para não perderem rentabilidade.
*Jornalista, com oito anos de experiência no agronegócio do Estado de Rondônia. Atua como repórter, fotojornalista, analista de mídias sociais e marketing digital.