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Análise conjuntural do boi gordo de maio de 2019

Foto: Dhiony Costa e Silva

BOI GORDO

Os preços do boi gordo estiveram enfraquecidos ao longo de maio. Ainda que a oferta de animais não tenha sido considerada alta, a compra de lotes menores em preços mais baixos, somada ao recuo da indústria após aquisições de volumes maiores, exerceu certa pressão sobre os valores da arroba.

Entre 30 de abril e 31 de maio, o Indicador do boi gordo ESALQ/B3 caiu 1,16%, fechando a R$ 153,15 no dia 31. Quando considerada a média mensal, de R$ 152,75, esteve 2,88% inferior à de abril, mas 2% acima da de maio de 2018, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI).

TRASEIRO X DIANTEIRO

 Analisando-se a série de preços da carne negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo de 2015 a 2019, verifica-se que os valores do traseiro registram queda no primeiro semestre, mas se recuperam no segundo. Já no caso do dianteiro, o movimento é o contrário, com alta nos preços na primeira metade do ano e recuos na segunda metade. Apesar de este ser um movimento sazonal, em 2019, especificamente, o que chamou a atenção é a intensidade dessas variações, tanto do traseiro quanto do dianteiro.

 No acumulado deste semestre (entre 28 de dezembro de 2018 e 31 de maio de 2019), enquanto o traseiro registra desvalorização de 11,81%, negociado à vista a R$ 12,25/kg no encerramento de maio, o preço do dianteiro apresenta expressiva alta de 20,03%, a R$ 9,17/kg, também à vista. Nos primeiros semestres de 2018, 2017 e 2016, as quedas nos preços do traseiro eram bem mais intensas, sendo, respectivamente, de 17,05%, de 15,74% e de 14,2%. Já no caso do dianteiro, a valorização do primeiro semestre deste ano se destaca, tendo em vista que, de janeiro a junho de 2018, a alta foi de 13,13%, em 2017, de 7,22% e, em 2016, de 9,61%.

Em relação ao segundo semestre de 2018, enquanto o preço do traseiro registrou recuperação de quase 26%, o do dianteiro recuou 7,62%. O mesmo movimento foi observado em 2017, com valorização de 23,13% para o traseiro e desvalorização de 7,12% para o dianteiro. Em 2016 e 2015, as altas foram, nesta ordem, de 20,6% e de 11,71% nos valores do traseiro, ao passo que as baixas nos do dianteiro foram de 15,34% e de 4,81%.

 O dianteiro é a carne mais exportada pelo Brasil e, por ser mais barata, é também a mais consumida internamente, sobretudo no primeiro semestre, quando grande parte da população está financeiramente restrita (devido a gastos extras), o que justifica sua valorização nesse período do ano.

 O traseiro, por sua vez, é exportado para nichos de mercado e registra aquecimento na demanda internacional e também na doméstica a partir da segunda metade do ano, especialmente no último bimestre, devido ao maior poder de compra da população, contexto que favorece a alta nos preços desse corte.

Neste primeiro semestre de 2019, especificamente, o forte desempenho das exportações é que tem resultado em alta mais intensa nos valores do dianteiro, ao passo que o ambiente político-econômico incerto mantém o consumo nacional fragilizado, pressionado as cotações do traseiro.

DIFERENCIAL

Essa sazonalidade evidencia que a diferença entre os preços do traseiro e do dianteiro tende a ser ampla entre o final e o início de cada ano e estreita entre o encerramento do primeiro semestre e começo do segundo. Assim, a diferença entre os valores do dianteiro e do traseiro, que era de 6,32 Reais/kg no começo de 2019, passou para 3,08 Reais/kg no encerramento de maio.

Nos primeiros dias de janeiro de 2018, a diferença entre o traseiro e o dianteiro era de 6 Reais/kg e, no início do segundo semestre daquele ano, caiu para 2,7 Reais/kg. Nesse mesmo período de comparação, em 2017, a diferença saiu de 5,5 Reais/kg para 2,94 Reais/kg, e, em 2016, de 4,30 Reais/kg para 1,74 Real/kg. Isso significa que a diferença entre os valores do traseiro e do dianteiro tende a diminuir ainda mais em junho, com desvalorização para o primeiro e valorização para o segundo.

EXPORTAÇÕES

A demanda internacional aquecida, especialmente por parte da China e Hong Kong, e o dólar em alto patamar seguem favorecendo as exportações nacionais de carne bovina in natura. Em maio, foram embarcadas 121 mil toneladas, de acordo com dados da Secex, 10,2% acima do volume de abril e quase 34% a mais que em maio de 2018.

Veja a Análise Conjuntural, Série Estatística e Gráficos elaborados por pesquisadores do Cepea/Esalq/USP. Análise completa clicando aqui: AGROMENSAL.

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