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Conectividade, trabalho em conjunto e governança são pontos-chaves para desenvolvimento de Cadeias Produtivas Locais (CPLs)

Evento promovido pela Fundepag debateu as necessidades e soluções para o crescimento de produtores rurais

O evento “Conexões para Inovação: CPL/API”, promovido pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) no Parque Tecnológico Piracicaba Engenheiro Agrônomo Emílio Bruno Germek, em 10/09, apresentou soluções para o desenvolvimento de produtores e cases de sucesso de representantes de Cadeias Produtivas Locais (CPL) e do Ambiente Paulista de Inovação (API). A programação do evento teve quatro painéis: “CPL e API – passado, presente e futuro”, “Estratégias de conexão CPL e API”, “Soluções tecnológicas para conectividade no campo” e “Inovações agroambientais para agregação de valor e acesso aos mercados”.

O primeiro painel fez um diagnóstico da trajetória da política pública dos Arranjos Produtivos Locais (APL) em São Paulo, da atuação da Rede Paulista desde 2009, com suas principais ações e resultados, e apresentou o recém-lançado Programa Estadual de Desenvolvimento das Cadeias Produtivas Locais – “Programa SP Produz”. A mesa-redonda debateu as vantagens da substituição do termo APL pelo de Cadeias Produtivas Locais (CPL), as perspectivas institucionais sobre a Política das CPLs e seus resultados esperados.

Fizeram parte da mesa a secretária-executiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do Estado de São Paulo, Juliana Cardoso; a gerente de Negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de São Paulo, Flávia Florêncio Ferreira e o representante do Departamento do Agronegócio (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Francisco Matturro.

Juliana Cardoso ressaltou o trabalho realizado pelo governo estadual para as CPLs, principalmente por meio do “Programa SP Produz”, que está em sua segunda etapa e até o momento tem 86 cadeias habilitadas para sua próxima fase. “Temos hoje no Estado de São Paulo a diretriz de governo ‘3D’, que é o desenvolvimento por meio do diálogo para gerar dignidade. O evento da Fundepag tangibilizou muito essa necessidade da troca e do diálogo constante, promovendo desenvolvimento e pensando nas pessoas. Isso nos ajuda a ter um olhar voltado ao pequeno produtor, que talvez tenha menos oportunidade de acesso às políticas públicas. Então, eventos como esse são essenciais para que possamos divulgar nosso trabalho e fazer chegar as informações a um maior número de pessoas”, destacou Juliana.

A secretária observou que o grande desafio de São Paulo é levar oportunidades para todas as regiões do estado, além das quatro que agregam 82% do seu Produto Interno Bruto (PIB), entendendo as vocações que possuem, muitas das quais com destaque para o agro. “Como integrar todo esse processo, transformando o que antes era só uma produção ou um aglomerado de produtores do mesmo tipo ou da mesma cadeia produtiva e fazer com que isso seja impulsionado? Trazer a pesquisa ou um agente operador institucional para dentro desse processo é relevante para possibilitar acessar novos mercados, se certificar e fazer uma venda internacional. O ‘Programa SP Produz’ vem exatamente para atender essa demanda”, afirmou.

Já Flávia Florêncio Ferreira explicou o trabalho que o Sebrae faz para ajudar o desenvolvimento das CPLs, destacando a necessidade de ajudar o produtor a entender que, sendo parte de um grupo, é possível ter mais oportunidade de crescimento em seu negócio. “Esse é um momento em que os atores podem, cada um, olhar a particularidade importante da sua força. É preciso olhar para o produtor rural, mostrando que ele faz parte de uma cadeia produtiva e, sendo um dos elos, pode atender o mercado local e se unir a outras empresas, ou ele mesmo buscar ajuda do poder público ou das entidades representantes da cadeia produtiva local. O Sebrae acaba representando não só o produtor, mas todo o ecossistema envolvido na cadeia produtiva local”, analisou. Para a gerente de negócios do Sebrae, o evento promovido pela Fundepag foi importante porque destacou a força de cada participante, mostrou seu protagonismo, conectou e reativou laços de confiança, que é um dos pilares mais importantes de uma cadeia produtiva local.

Governança dos ambientes de inovação

O segundo painel foi composto pela presidente do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) e da Rede dos Ambientes Paulistas de Inovação, Paula Lima e pelo coordenador de Ciência, Tecnologia e Inovação da Secretaria de Ciência e Tecnologia de São Paulo, Levi Pompermayer Machado. Os participantes apresentaram ações voltadas à governança dos ambientes de inovação e discutiram o seu papel nos processos de inovação, desenvolvimento territorial e das cadeias produtivas.

“As cadeias produtivas locais desempenham um papel fundamental no fortalecimento da economia regional e sua conexão com o ambiente de inovação paulista é essencial para impulsionar o desenvolvimento sustentável e competitivo do estado. Ao fomentar essa conexão, estamos viabilizando a troca de experiências e soluções inovadoras que não só beneficiam as empresas locais, mas também posicionam São Paulo como um hub de inovação global”, destacou Paula.

O terceiro painel do evento, “Soluções tecnológicas para conectividade no campo” foi  composto pelo gerente de Desenvolvimento em Agronegócio Inteligente do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Fabricio Lira Figueiredo; a coordenadora do Projeto Semear da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Luciana Alvim Romani e o tecnologista sênior chefe da Divisão de Projetos, Análise e Qualificação de Circuitos Eletrônicos (Dipaq) do Centro de Tecnologia da Informação (CTI) Renato Archer, Wellington Romeiro de Melo. Foram apresentadas propostas e soluções dos ambientes de inovação voltadas para mitigação das deficiências de conectividade no campo.

Luciana Romani explicou como funciona o Projeto Semear, lançado pela Embrapa e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), focado em agricultura digital para pequenos e médios produtores rurais, compartilhando experiências positivas nas cidades paulistas de Caconde e São Miguel Arcanjo. Nesse Distrito Agro Tecnológico (DAT), os produtores apontaram 100% de percepção de conectividade boa ou ótima com o programa, 28% de aumento médio de receita, 24% da redução média de custos e 57% deles perceberam melhoria de qualidade dos produtos. “Algo que percebemos ao apresentar o projeto nas propriedades é que muito da conectividade da internet ainda é usada para redes sociais, para assistir filmes, para a comunicação das crianças e dos filhos. O produtor ainda não consegue ver que pode usar essa ferramenta para ajudar a comercializar seus produtos e buscar informação. Outro ponto é que muitas vezes ele administra a propriedade, faz as contratações e a venda dos produtos, tudo sozinho. Ele até sabe a importância da conectividade, mas não consegue colocar esse ponto de uma forma rápida e imediata no seu dia a dia”, observou.

A coordenadora do Projeto Semear ressaltou, porém, que alguns produtores passaram a usar a internet durante a pandemia, por ser o único espaço em que podiam comprar mantimentos e comercializar seus produtos durante o isolamento social. “A pandemia é um marco de mudança da compreensão de que a internet traz benefícios, que com ela é possível alavancar negócios, fazer compras, se comunicar com os outros. Hoje, se eles não conseguem falar pelo telefone, usam a internet via fibra e conversam por WhatApp. O primeiro caminho que trilham é o da comunicação, depois a busca de informação e então percebem que podem usar para outras coisas. É um caminho que está sendo trilhado. As tecnologias estão disponíveis, mas algumas coisas ainda são muito caras. Por isso, as associações ajudam bastante nesse tipo de iniciativa, dividindo o custo entre vários produtores. Nosso papel é mostrar a tecnologia, trazer capacitação, oferecer e abrir a possibilidade de expansão”, detalhou Luciana.

Inovações agroambientais

O painel “Inovações agroambientais para agregação de valor e acesso aos mercados” encerrou a programação do evento, abordando os temas agricultura regenerativa, tecnologias de monitoramento agroflorestal, carbono negativo, ESG para agregação de valor e acesso aos mercados, sobretudo o internacional. Participaram da mesa o assessor técnico do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), João Alfredo de Carvalho Mangabeira; o especialista em Mercado de Exportação Brasil Europa, Fernando Nauffal Filho; a líder de Inovação do Conexão.f, Luciana Teixeira, e o presidente do Sindicato Rural de Divinolândia e da Associação dos Cafeicultores de Montanha de Divinolândia (Aprod), Sergio Lange, que mostrou o trabalho realizado pela entidade que representa.

Mangabeira apresentou o projeto de Valoração e Precificação de Serviços Socioambientais para Agricultura, que estrutura protocolos de valoração com enfoque da Economia Ecológica e Agroecologia para mecanismos de apoio e garantias de títulos de sustentabilidade ESG, pagamentos de serviços socioambientais (PSSA), crédito de carbono social e outros tipos de certificações, produzidos em sistemas de produção agrícolas com baixa emissão de carbono. Ele deu como exemplos de produtores alcançados pelo projeto a borracha nativa entre os extrativistas amazônicos, em particular da Reserva Chico Mendes e por meio da Cooperacre com a empresa francesa Vert/Veja, a castanha do Brasil pela Cooperacre, a erva-mate e os agricultores familiares e indígenas no Paraná, o café em sistema agroflorestal (SAF) orgânico do Sul de Minas Gerais, e a soja orgânica e convencional não transgênica em São Paulo e no Sul do Brasil.

Fernando Nauffal abordou o papel do Brasil na questão das emissões de carbono no mundo. “O Brasil emite menos carbono do que China, Estados Unidos e Índia e, se a Europa fosse um país, também ficaria atrás dela. O País não é a causa do problema, mas pode contribuir para sua solução”, afirmou.

Francisco Matturro encerrou o evento fazendo uma avaliação sobre a importância dos temas debatidos para o agronegócio brasileiro. “O agro não é um só. Temos muitos agros. Tem aquele da economia de escala, que são as grandes áreas onde o Brasil é campeão em soja, algodão, laranja e café. Mas tem também a pequena propriedade, que vende no mercadinho da esquina, aquele que se sofistica mais um pouco e vende no melhor restaurante, aquele que vende em um supermercado de nível mais alto. O evento foi absolutamente espetacular porque debateu vários temas, mas não podemos ficar só no debate. Temos mercado para tudo, então hoje podemos discutir, debater temas importantes e encaminhar políticas públicas adequadas a cada um desses agros”, concluiu.

Sobre a Fundepag

A Fundepag foi criada em 1978, a partir dos esforços de grupos empresariais, representantes da agropecuária, da indústria, do comércio e das finanças para somar esforços do Estado e da iniciativa privada no desenvolvimento de projetos de pesquisa.

Apoia e executa diversos tipos de projetos, serviços tecnológicos, capacitações e eventos. Além de contar com seu próprio Núcleo de Inovação Tecnológica Fundepag – NIT, expandido para Centro de Inovação Tecnológica – Conexão.f – reconhecido pelo Governo paulista, oferece uma estrutura de apoio administrativo-financeiro, de gestão de pessoas, consultoria jurídica e ferramentas informatizadas, com a qualidade e ética assessoradas pelas ISO 9001:2015 (qualidade), ISO 37301:2017 (compliance) e ISO 37001:2017 (antissuborno).

Mais informações: https://portal.fundepag.br

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